31.7.05

Noite, como tantas outras .

Já passavam das 11 da noite . E nenhuma notícia . Um telefonema, um bilhete que fosse . Nada . Nem uma palavra . Apenas se fora . E ela, ali sozinha, não podia se concentrar no livro ou na tevê que brilhava à sua frente . Nada era mais ofuscante que seus pensamentos que passavam rapidamente . Imaginava situações, coisas que diria, experimentava sentimentos . Tudo num silêncio mórbido . Sua mente ia e vinha, a passos rápidos . E sua respiração se mantinha no mesmo ritmo lento . Ouviu-se o telefone, seguido de uma exclamação em forma de suspiro que não sabia se de surpresa, alívio, raiva . Talvez uma mistura de tudo em uníssono . Deixou que tocasse mais vezes para ter certeza que era a ela que chamavam . E chamavam, sim !
- Oi .
- Sou eu .
- Eu sei .
- Como está ?
Um silêncio .
- Ouço o barulho da tevê . O que está assistindo ?
- Algo sobre a Câmara dos Deputados .
- Ah ... o Mensalão .
- É ...
- O que dizem ?
- Não sei . Eu ... estou vendo o Roberto Jefferson .
- Grande safado ele .
Dois silêncios .
- Volta para casa ?
Três silêncios . A respiração descompassando-se ainda mais .
- Volto . Não sei quando .
- Tá .
- Até logo .
Quatro silêncios .
- Tu tu tu tu ...
A respiração, agora, voltava ao normal .



Silêncio, por favor, enquanto esqueço um pouco a dor no peito ...
Para Ver As Meninas - Marisa Monte

posted by Karina at 6:52 PM

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