3.7.05

Sexta-feira . Dia 1 .

Estávamos na era da pós-revolução industrial, e não teoricamente . Me vi como uma pequena engrenagem da produção, em larga escala de coisas a fazer . e as fazia, sem criatividade, com movimentos repetitivos . Retira a etiqueta, cola a etiqueta, põe a folha de lado . E de novo . E de novo . E de novo . E pega outra pilha de calendários, para então retirar a etiqueta, e colar a etiqueta e pôr a folha de lado . Isto num menor espaço de tempo, como Taylor disse . Para as massas, como Ford disse .

Esta folha vai ser da Dona Maria, senhora de idade, cuida da casa e dos filhos já grandes . Já maiores que ela . Vai ser no começo do ano quando irá adquirir este calendário . É um lindo cachorro a gravura entre os meses, que ela fica a observar, enquanto sente saudades do marido, naquelas tardes em que não tem mais roupa pra lavar .

Este outro é da Dona Albertina . Ô dona ranzinza ! Foi resmungando que conseguiu uma folha do calendário, levou-a para casa e pôs na parede da cozinha .

A Dona Eugênia é uma velhinha muito boa . Religiosa, freqüentadora das missas . Comprou o calendário com a foto de Jesus que fica a admirar e fazer suas orações de noite, antes de dormir .

Este aqui, é da Dona Flor . Tem a imagem de uma menina . E ela não diz nada . Só olha . E o olhar dela também não quer dizer nada . É só uma menina . A Dona Flor batizou-a de Menina-Flor . Sabe ? Simpatizou com a garota .

posted by Karina at 6:14 PM

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