As viagens que o ônibus faz
O post inicia-se sem um início . Não sei como fazê-lo .
E as duas comadres revezavam o lugar ao meu lado . Fofocavam, falavam mal de pessoas que desconheço, falavam das crianças, do ônibus, do tempo . E reclamavam, acima de tudo . O restante do ônibus era barulhento também . Desisti da leitura . Isso me emputeceu .
A conversa prosseguia precária . Minha cabeça voltou-se para a janela . Tecla SAP da linguagem do corpo: “Se pudesse estaria lá fora” .
Olhei e logo ao lado havia a obra de arte de Deus . Ele, que só tinha nas mãos o vermelho-sangue e o azul do céu, pintou todo aquele quadro num degradé que vinha de baixo para cima . O nome da obra era Pôr do Sol .
Pensei: “Tiraria uma foto neste momento” . E talvez a emoldurasse, para que se tornasse um quadro, materialmente . Mas no mesmo instante pensei que a foto seria por demais feia, com tantos fios e prédios e automóveis e luzes dos postes urbanos que ofuscavam o espetáculo do astro Rei (apesar de não tê-lo visto .) Ele já estava além do horizonte . Para trás deixou só o seu rastro vermelho . E algumas estrelas o seguiam mais acima .
Voltei-me para dentro do ônibus . As duas ainda tagarelavam . E pedi que a imaginação me levasse para bem longe dali .
E este foi o fim .
“De tanto imaginar loucuras ... no chão, no mar, na lua”
Mania de Você – Ná Ozzetti LoveLeeRita
E as duas comadres revezavam o lugar ao meu lado . Fofocavam, falavam mal de pessoas que desconheço, falavam das crianças, do ônibus, do tempo . E reclamavam, acima de tudo . O restante do ônibus era barulhento também . Desisti da leitura . Isso me emputeceu .
A conversa prosseguia precária . Minha cabeça voltou-se para a janela . Tecla SAP da linguagem do corpo: “Se pudesse estaria lá fora” .
Olhei e logo ao lado havia a obra de arte de Deus . Ele, que só tinha nas mãos o vermelho-sangue e o azul do céu, pintou todo aquele quadro num degradé que vinha de baixo para cima . O nome da obra era Pôr do Sol .
Pensei: “Tiraria uma foto neste momento” . E talvez a emoldurasse, para que se tornasse um quadro, materialmente . Mas no mesmo instante pensei que a foto seria por demais feia, com tantos fios e prédios e automóveis e luzes dos postes urbanos que ofuscavam o espetáculo do astro Rei (apesar de não tê-lo visto .) Ele já estava além do horizonte . Para trás deixou só o seu rastro vermelho . E algumas estrelas o seguiam mais acima .
Voltei-me para dentro do ônibus . As duas ainda tagarelavam . E pedi que a imaginação me levasse para bem longe dali .
E este foi o fim .
“De tanto imaginar loucuras ... no chão, no mar, na lua”
Mania de Você – Ná Ozzetti LoveLeeRita
