Tarde no café
No canto daquele salão enorme, ficava a observar as pessoas que passavam, ora sorridentes, ora lentas, ora preguiçosas, ora famintas, ora melancólicas, ora essa ... Eu continuava sem expressão, a observar o comportamento humano.
Um casal de homens apressados acaba de se trombar logo em frente . Um diz “oi” e outro responde . Então diz “tchau”, e o outro repete .A cena mais parecia se passar numa caverna que ecoava a voz do primeiro rapaz .
A caminho daqui, subia as escadas rolantes, enquanto um rosto conhecido descia a escada vizinha . O rosto não se mostrou reconhecer o meu . Também, estava entretido demais com outro rosto.
O garoto da camisa bem engomada dividia o canto comigo da outra extremidade . Ele e a menina eram um dos poucos que cediam seu tempo às cadeiras do café . Incrível como já tinham coisas em comum .
Não se punha a observar ninguém, como a menina o observava . Só tinha olhos para a pessoa de dentro . E, mirando o vazio, ele se analisava, minuciando, se perguntando. Dissecava a alma, assim, na frente de todos . Um espetáculo a céu aberto para ninguém assistir . Todos eram como cegos na escuridão . E o rapaz, no escuro, podia fazer o que fosse .
Só não contava com aquele ponto luminoso que partia da extremidade aposta à sua . A luz vinha tão forte que o deixava quase cego como os outros . Ofuscado, piscava tentando descobrir a fonte de tamanha claridade .
A menina, percebendo que a sua curiosidade acesa brilhava forte deveras, apagou a luz . Não tinha medo do escuro . E o garoto ? Não era cego, como as outras pessoas . Incrível quantas coisas tinham em comum .
“... e cada qual no seu canto, em cada canto uma dor ...”
Chico Buarque – A Banda
“... saiba que os poetas, como os cegos, podem ver na escuridão ...”
Chico Buarque - Choro Bandido
Um casal de homens apressados acaba de se trombar logo em frente . Um diz “oi” e outro responde . Então diz “tchau”, e o outro repete .A cena mais parecia se passar numa caverna que ecoava a voz do primeiro rapaz .
A caminho daqui, subia as escadas rolantes, enquanto um rosto conhecido descia a escada vizinha . O rosto não se mostrou reconhecer o meu . Também, estava entretido demais com outro rosto.
O garoto da camisa bem engomada dividia o canto comigo da outra extremidade . Ele e a menina eram um dos poucos que cediam seu tempo às cadeiras do café . Incrível como já tinham coisas em comum .
Não se punha a observar ninguém, como a menina o observava . Só tinha olhos para a pessoa de dentro . E, mirando o vazio, ele se analisava, minuciando, se perguntando. Dissecava a alma, assim, na frente de todos . Um espetáculo a céu aberto para ninguém assistir . Todos eram como cegos na escuridão . E o rapaz, no escuro, podia fazer o que fosse .
Só não contava com aquele ponto luminoso que partia da extremidade aposta à sua . A luz vinha tão forte que o deixava quase cego como os outros . Ofuscado, piscava tentando descobrir a fonte de tamanha claridade .
A menina, percebendo que a sua curiosidade acesa brilhava forte deveras, apagou a luz . Não tinha medo do escuro . E o garoto ? Não era cego, como as outras pessoas . Incrível quantas coisas tinham em comum .
“... e cada qual no seu canto, em cada canto uma dor ...”
Chico Buarque – A Banda
“... saiba que os poetas, como os cegos, podem ver na escuridão ...”
Chico Buarque - Choro Bandido
